segunda-feira, 9 de março de 2009

Só o Orgulho Constrói

Dia de chuva forte. Os dois- ela e ele - se encontram na rua por acaso em pleno temporal. Deram de cara um com o outro de repente, na maior surpresa.“Oi !! Nossa!! Quanto tempo que a gente não se vê! Como você está? Como vão as coisas?” Ela perguntou. “Estou ótimo e você também parece ótima...bonita, mais bonita do que nunca, bonita de verdade como sempre. A gente não muda não é? Parece que o tempo não passa. É incrível isso que a gente tem em comum, é algo tão especial que se eu soubesse a fórmula eu já teria engarrafado e vendido, ficaríamos ricos. Quando foi a última vez que nos falamos? Eu mesmo não sei ao certo, houveram momentos em que vivi cinco anos em apenas um e também, em contrapartida, já vivenciei o equivalente a um ano em cinco...então, não sei quanto a você, mas para mim o que realmente importa é que tudo passou, nem sei como, mas passou...” “ Passou? Mas passou mesmo?” Ela perguntou. "É passou sim, passou tudo, a puxada do tapete, a perplexidade, a dor, a tristeza e a frustração, a raiva e finalmente o amor também passou. Você desferiu o derradeiro golpe mortal no que ainda restava da minha inocência e desde então eu sei que não se ganha nada sendo compreensivo. O fundamental nessa dura realidade é ser cada vez mais e mais cuidadoso e combativo. Na verdade, naquela época, eu estava ferido de guerra. Eu era um ferido de guerra que estava se recuperando fora do campo de batalha e que ansiava por uma volta à carga, mas que por um lapso meu, um erro fatal, aos seus olhos eu parecia um covarde. Isso gerou essa enorme descompensação mútua com sabor de sortilégio, um desfeitiço de amor jogado ao mar em uma melancólica e insignificante passagem de um ano novo qualquer. Durante esse tempo, procurei raspar do fundo da alma o que restava de auto-estima e só encontrei aquele falso orgulho, algo não renovado,um pesar, arrogância. E sei lá... é por isso que eu não sorrio muito...Toda a minha sisudez é uma maneira de sufocar essa maldita pureza e simplicidade que mesmo com tantas quedas e desilusões ainda insiste em subjugar a minha dignidade. Mas não se engane, aliás você me conhece e sabe muito bem que por dentro eu rio muito, as vezes até gargalho sem parar. Eu sei que fiz o possível com o que tinha nas mãos e mesmo, mesmo assim, é maravilhoso, apesar de óbvio, saber que só o orgulho, só o orgulho constrói de verdade. Agora, você não acha que isso é coisa do outro mundo? Com tantas e tantas ruas e passagens, a gente se encontrar logo aqui, na hora mais improvável em plena chuva? Tem vezes que a gente finalmente só encontra aquilo, alguém e até mesmo a felicidade quando finalmente desencana de pensar e procurar...”

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