quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Pessoas são Bucha

Perdi a conta de quantas amizades já fiz e quantas já perdi e não vou contabilizar. Seria fácil dizer que a culpa é dos outros, mas na verdade eu é que tenho miopia e uma imaginação fértil por acreditar em pessoas que não mereciam nem cinco segundos da minha respiração, criaturas que descobri serem nauseantes, sanguessugas que agem dissimuladamente, invejosos cujo principal deleite é causar danos para justamente, se sobressairem ao máximo e à custa de qualquer infortúnio, por menor que possa ser, tanto por erro de cálculo ou mesmo aquele momento crucial em que você mais precisa da sorte e esta tirou férias de sua pessoa. Não sou nada perfeito, mas uma coisa que não me motiva é torcer pela derrota alheia, nem o mais espetacular gol do Flamengo eleva a minha adrenalina, mas tem gente que confunde a realidade com o futebol. Eu nem sequer me interesso pela vida e o dia a dia de terceiros, sou indiferente a muitas coisas e se isso for um defeito sério, então ei-lo. De qualquer maneira não sou um animal insensível, apenas mantenho meu escudo ativado contra a excessiva carga de informações ao qual somos expostos diariamente, todos os dias, a vida toda, imagine o que o desgaste e o caos emocional produzirá nestas gerações daqui a trinta anos. Muitos de nós aprenderam a ter um olhar crítico, tiveram alguma noção de valores que para muitos hoje são inexistentes, já há uma geração e meia que não sabe o que é viver sem telefones celulares. De qualquer maneira eu falava sobre a miséria humana aquela que faz pessoas aparentemente crescidas e de alguma maneira evoluidas materialmente a pisarem nos outros. Mas é isso que o ambiente, a nossa aldeia global incita, muita gente, muita gente, com a vida em desalinho, perde a hora perde a linha e se perde no caminho, e não há nada que se possa fazer para o quadro reverter. O lance é seguir adiante e trocar de vagão ou saltar fora em caso de extrema urgência. Minha cabeça é uma sinfonia amazônica que acaba em textos acelerados de três acordes distorcidos carregados de efeitos e aqui nestas linhas imaginárias, escolho e incluo meus adventos e fragmentos de situações e pessoas, inserções do meu passado e presente, conversas corriqueiras, conhecidos e desconhecidos que nem imaginam o quão suas vidas me são inspiradoras, não importam os dissabores ou deleites que tenham me proporcionado, estou de olho em tudo o que se passa, é só sintonizar em volta e captar.Tudo eu acho graça até porque é tudo de graça. Aos que me fizeram algum mal eu posso me considerar vingado e aquelas pessoas que moram aqui no meu peito de aço eu agradeço por existirem e de alguma forma fazerem parte da minha vida. Pessoas são matéria-prima, massa de manobra, pessoas são bucha, nasceram para o inevitável desgaste, eu penso assim quando encaro uma fila de banco, o metrô lotado, engarrafamentos, a fila do voto com o título de eleitor nas mãos, documentos, números que na realidade nada são, mas isoladamente representam algum valor no universo visto que nossa existência é pura matemática. Por isso não se iluda, dois mais dois são quatro mesmo e acabou, não discuta com a lógica do contrário irá perder. Digo que as pessoas são bucha pois para o bem e para o mal, estamos aqui para aprender e a ensinar alguma coisa, qualquer coisa, nada também tão específico, então que sejamos bons alunos ou bons professores, mas não aos alunos cordeirinhos ou aos mestres predadores, para o inferno com toda essa raça (opa) olha o termo politicamente incorreto. Não se deve ofender ninguém por conta de sua raça, credo, opção sexual, profissão ou seja lá o que mais, não fume , não beba, não corra, não morra. Todo mundo merece e deve ser respeitado é lógico e eu gostaria de algum dia ver o resultado positivo dessas correções políticas, pois há pouco menos de trinta anos atrás isso não existia e o mundo parecia menos violento, haviam menos pessoas e isso faz muita diferença e talvez sem as correções políticas nós já tivessemos ultrapassado a quarta guerra mundial, aquela feita de paus e pedras, na qual o Albert Einstein certa vez mencionou como sucessora da terceira guerra mundial, cujo período seria de farta colheita, supersafra de cogumelos atômicos. Contudo a principal função desses princípios politicamente corretos é a de não ofender os segmentos de mercado, o respeito as ideologias está fora de cogitação, pois concepções abstratas não vendem, a menos que possam ser representadas e reduzidas a símbolos, imagens ou atitudes. Atitude é uma palavra muito utilizada e já desgastada por só representar futilidades, mas assim é a Babilônia, o sistema do ocidente, não a clássica e verdadeira que vem sendo bombardeada desde 2003. E eu que em 1978 aos dez anos de idade imaginava que hoje, rumo a 2010, estariamos cruzando o espaço em naves prateadas e vivendo em condomínios interplanetários.

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